terça-feira, 10 de julho de 2012

"A culpa não pode morrer solteira"

Esta expressão é muito utilizada no nosso quotidiano, contudo se estivermos atentos ao seu efeito prático não corresponde à teoria. No nosso país, o resultado prático desta expressão é "visivelmente invisível".... Muito boa gente fala na necessidade de um sério ajustamento no nosso sistema judicial por ser ineficaz, pouco ou nada eficiente, por ser o melhor amigo da corrupção nos tempos atuais. Temos um sério conflito de interesses entre a justiça e a política, que interferem de forma séria e notória na nossa economia e no nosso meio social. Milhões são gastos na resolução de casos mediáticos, mas a má notícia para nós é que a finalidade destes casos acaba por ser sempre verdadeiramente o protótipo de autênticas "missões impossíveis". Damos conta da incompetência absolutamente atroz de alguns elementos e de alguns organismos na justiça e a sua parcialidade relativamente à capacidade de solucionar os processos, consoante o estrato social e o poder dos indivíduos envolvidos no processo, agindo a favor dos arguidos de uma classe social mais prestigiada e abastada.




Com isto, podemos dizer que a culpa não se compatibiliza com os arguidos pertencentes aos estratos mais elevados da sociedade. É um relacionamento que na ordem normal das coisas deveria funcionar, mas a justiça parece ter o papel daquelas irmãs que fazem tudo para o relacionamento do irmão ou da irmã não resultar... Em Portugal, a culpa morre tantas, mas taaantas vezes solteira, que podemos considerar uma utopia imaginar Armando Vara, Duarte Lima, Manuel Godinho, Dias Loureiro, Isaltino Morais, Fátima Felgueiras, Valentim Loureiro e muitos outras célebres personalidades do enorme espetáculo de circo da justiça portuguesa, vestidas às listas brancas e pretas e cercados por grades...
Se dizem que "a nossa crise é filha da corrupção" e eu acrescentaria que a nossa justiça é o resultado de um matrimónio não consumado, onde a culpa não encontrou a sua alma gémea (o vigarista). A vergonha, a honra e a honestidade estão tão presentes no nosso país, como a água está no deserto.
Injustiça, desequilíbrio, parcialidade, favorecimento... Peçam ao padre para casar a culpa com o culpado; a vergonha com envergonhado; a desonra com o desonrado, para que possamos celebrar a formação dos valores morais e éticos na nossa justiça e no nosso país.




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